“Não faz sentido ter escolas destas em Lisboa”

Em Outubro de 2006, o então Vereador da Educação da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. Sérgio Lipari Pinto, disse, sobre a EB1 Marqueses de Távora e outras escolas, que “Não faz sentido ter escolas destas em Lisboa”, juntando que “A educação tem de ser prioridade na cidade. É preciso aumentar a oferta pública, mas é necessário discutir toda a rede educativa com os municípios da Área Metropolitana de Lisboa.”

Isso foi então notícia no Correio da Manhã.

Desde aí, a EB1 Marqueses de Távora tem andado de casa às costas, de casa emprestada em casa emprestada. Esteve 6 anos na Escola Oficina, na Graça, um edifício particular que se encontrava muito degradado, e que poucas ou nenhumas reparações teve ao longo desse período. Na realidade, o edifício chegou a um estado tamanho de inadequação para a função de Escola, que em Setembro de 2010, a uma semana do início das aulas, os pais receberam por SMS a instrução "as aulas vão ser na Voz do Operário". Aí ficaram, em boas instalações apesar de emprestadas e em que a Escola tinha dificuldade em manter a sua identidade, durante um único ano lectivo. Efectivamente, a direcção da Voz do Operário denunciou o contrato um ano depois, dizendo em comunicado que as verbas acordadas não teriam sido pagas.

Então, mais uma vez uma semana antes de começar o ano lectivo, os pais foram informados de que esta Escola primária, onde andam crianças pequenas, iria funcionar em contentores instalados num descampado de betão e cimento no interior do quartel dos bombeiros da Graça.

O actual vereador da educação da CML, o Dr. Manuel Brito, reuniu-se por duas vezes com os pais, garantindo que seria uma situação provisória, e que mesmo estas instalações provisórias seriam melhoradas.

Desde aí, a situação provisória tornou-se definitiva. Não há projecto para encontrar uma solução digna. Não há projecto para encontrar um edifício onde a Escola possa ser uma Escola. Não há projecto que dê aos meninos e meninas da 199 a dignidade que têm que ter. A Escola Marqueses de Távora parece-se mais com um campo de refugiados em zona de guerra do que com uma Escola.

Recordamos ainda que, se a Cãmara Municipal de Lisboa é responsável pelos edifícios escolares, o Ministério da Educação é responsável pela educação dos nossos filhos, é responsável pela rede escolar, por definir quantas escolas são necessárias e onde devem ser localizadas, e acima de tudo, é responsável por que as crianças deste país aprendam numa Escola condigna onde seja possível aprender.

Senhores responsavéis, na Câmara e no Ministério, fazemos nossas as palavras de há 6 anos atrás do Sr. Vereador: Não faz sentido ter escolas destas em Lisboa!

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